Depois de seis meses a trabalhar para pagar ao Estado, os portugueses tiveram ontem o seu primeiro dia livre de impostos. O estrangulamento fiscal não é o maior da União Europeia, mas não tem parado de crescer nos últimos anos: em 2011, este dia chegou a 29 de maio. Para o ano, com as medidas que aí vêm no IVA e nas contribuições para a Segurança Social, será ainda pior.
A informação trabalhada pela organização New Direction, no The tax burden of typical workers in the EU 28, mostra em números aquilo que os portugueses sentem no seu dia-a-dia mas têm dificuldade em contabilizar: ao longo deste ano, cada trabalhador ganhará, em média, 19 453 euros, mas na realidade apenas receberá 11 319 euros (58% do total). A diferença de mais de 8000 euros vai esfumar-se em retenções na fonte do IRS, contribuições para a Segurança Social e no IVA.
Se aquela diferença tivesse de ser "paga" à cabeça, significaria que só ontem a generalidade dos trabalhadores começaria a ver o seu ordenado cair na conta bancária. É muito tempo a trabalhar para pagar impostos e muito dinheiro a ser canalizado para o Estado, refere o fiscalista Tiago Caiado Guerreiro, que defende que os portugueses deviam ficar livres de impostos ao fim dos primeiros três meses de cada ano.
Olhando para o calendário do dia livre de impostos, Portugal até não surge mal posicionado, ocupando o 7.oº lugar na tabela, ou seja, melhorou um lugar em relação a 2013. Uma evolução curiosa, na leitura de António Neves, partner da EY, se se tiver em conta que temos as taxas de imposto mais elevadas. Mas o primeiro a livrar-se do peso fiscal é Chipre (a 21 de março), seguido de Malta e da Irlanda (a 28 de abril).
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