A flor do cardo contém um coagulante vegetal que é necessário para a produção do queijo de Denominação de Origem Protegida (DOP) Serra da Estrela. Dois campos de recursos genéticos do cardo foram plantados na Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Viseu e na Casa da Ínsua, em Penalva do Castelo, onde os responsáveis pelo projeto CARDOP (cardo + DOP) acreditam estar representada muita da biodiversidade desta espécie, que está a ser caracterizada morfológica, bioquímica e geneticamente. Simultaneamente, está a ser avaliado «o potencial desta diversidade através da realização de provas sensoriais de queijo Serra da Estrela, com a colaboração de um painel de referência com provadores qualificados, selecionados por diversas instituições do setor, que caracterizarão a diversidade sensorial dos vários exemplares em prova ao nível cromático, de texturas, aromas e sabores», explicou Paulo Barracosa, docente da Escola Superior Agrária. O objetivo é dar aos produtores ferramentas para criarem «o seu padrão de queijo com uma tipicidade e qualidade próprias que lhes permita valorizar a diferenciação num mercado global extraordinariamente competitivo», acrescentou. Para sexta-feira à tarde está marcada uma prova na Câmara de Provadores da Comissão Vitivinícola Regional do Dão. Na opinião de Paulo Barracosa, esta iniciativa «ajudará a potenciar as sinergias existentes entre estes dois baluartes da paisagem rural, da gastronomia e do turismo» da região, o vinho do Dão e o queijo Serra da Estrela. Irão a prova «lotes de queijos com ecótipos de cardo devidamente selecionados no âmbito do projeto», produzidos pela Associação Nacional de Criadores de Ovinos da Serra da Estrela (ANCOSE) e a Queijaria Lameiras, de Oliveira do Hospital, a Casa da Ínsua e a Queijaria de Germil, de Penalva do Castelo, e a Queijaria António Alberto Marques, de Fornos de Algodres. O CARDOP conta com a colaboração da empresa Controlvet Fullsense, que tem experiência na constituição de painéis de provadores e que irá contribuir «para a obtenção dos resultados que permitirão continuar a definir o rumo e as opções a tomar no projeto e pelos produtores», de forma a corresponderem às expectativas dos consumidores. O projeto CARDOP resultou de uma parceria entre várias instituições da região, como a Escola Superior Agrária, o Centro Regional das Beiras da Universidade Católica, a ANCOSE, a Confraria do Queijo Serra da Estrela e a Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental. Envolvido no projeto está também o Centro de Neurociências da Universidade de Coimbra e o parque de biotecnologia Biocant, de Cantanhede, que desenvolvem «ações de cariz técnico-científico, cultural e social no sentido de contribuir para a promoção e valorização» do queijo Serra da Estrela. «Os promotores do CARDOP acreditam que o trabalho científico, sistemático, criativo e inovador, fruto da biodiversidade genética e bioquímica do cardo, da tipicidade das pastagens e paisagens, da excelência das raças autóctones de ovinos Serra da Estrela e do labor dos seus produtores, técnicos e colaboradores poderá a breve trecho traduzir-se em mais-valias para este setor», frisou Paulo Barracosa. Segundo o responsável, neste momento, o projeto integra doutorandos, estudantes de mestrado e de licenciatura das várias instituições de ensino envolvidas, «que ajudam a criar uma ‘network’ no setor com capacidade instalada de criação e transferência de conhecimento para toda a fileira do Queijo Serra da Estrela em proximidade».
Lusa
23-05-2013 15:46
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