“Big Brohther”
O “big brother” regressou e ao que parece “rapidamente e em força”, num momento crucial para “levantar a moral das tropas” e ser mais uma vez um portento no que toca a exemplos de programas que contribuem, ainda que de um modo muito próprio, para aumentar a cultura geral do cidadão luso. Vem este tema em forma de interlúdio e “a talho de foice” para desenvolver o assunto que se segue: - as novas regras a aplicar na agricultura, mais uma magnífica tirada do nosso singular governo, que promete tornar-se sem qualquer dúvida em mais um “case study”!
Desta feita, quem quiser vender uma dúzia de ovos, uma galinha ou algo do género na feira vai ter que primeiro se colectar nas Finanças e depois passar a respectiva e obrigatória factura, isto se quiser cumprir a lei, claro. Em breve, estou plenamente convicto disso, vai aparecer um sistema em que quando se vá à igreja e se dê uma esmola tem que se preencher o correspondente formulário para dizer quanto e a que santo foi feita a oferta, isto claro para que o Cão das Finanças, essa figura ímpar, possa saciar a sua irreparável fome, e ter um melhor controlo dos gastos do contribuinte. Ora estas novas regras prometem ser decerto mais um contributo único e muito importante para a agricultura de subsistência que se pratica nesta região do Interior do país. Mais uma vez utilizando uma metáfora agrícola, parece que se quis “pôr o carro à frente dos bois” e depois ver o brutal resultado. Será mesmo necessário todo este controle estilo “big brother”, aquele que vem referido no magnífico livro de Orwell - “1984”? Que estudos, desses em que o Estado é fértil, foram feitos para avaliar o impacte destas novas medidas junto dos pequenos produtores da nossa região? Que mais-valias se propõem alcançar com as mesmas? Será esta a grande estratégia para cortar, verbo agora tão em voga, alguns dos muitos milhões de euros que circulam na economia paralela? Não será esta a “estocada final” numa região já tão deprimida económica e socialmente? Estas são algumas das questões que me parece que ficaram sem resposta aquando da aprovação de tão gravosas normas.
É por estas e por outras que o Interior tende cada vez mais a tornar-se um deserto, relembro que não me refiro à região geográfica que se estende para além do Tejo, em tempos proclamada como tal com a devida pompa e requerida circunstância! Estou certo de que estas ideias acéfalas de querer controlar tudo e todos de uma forma absolutamente discricionária vão conduzir no futuro, não a uma agricultura de subsistência, mas de persistência, dos poucos, muito poucos que tentarão ainda assim resistir. Recordo que se tornou num lugar-comum dizer-se que o país tem que se voltar para a agricultura, o que perante a aprovação de semelhantes leis soa a um enorme paradoxo. É interessante observar o que sucedeu com o controlo extremo da ASAE há algum tempo atrás com os resultados que se conhecem. Cá está uma estranha forma de incentivar o cultivo da terra. O bom senso parece definitivamente estar em vias de extinção! Ninguém discute que é necessário tributar os lucros advindos da agricultura, mas devia-se criar um limite mínimo e razoável isento de tributação, que não levasse a exageros que vão conduzir apenas a um maior abandono da terra e no caso do Interior a uma maior desertificação e desânimo por parte da população. É caso para perguntar: quem decide assim conhece o país real? Fica a pergunta, responder, responda quem sabe…
Duas notas para finalizar:
1ª- Depois de engarrafar o ar da Guarda, surge agora a ideia peculiar de “enfrascar morcelas da Guarda”, um ex libris da região. Para quando o engarrafamento em serie de ideias acéfalas de políticos que tal como as suas imbecis invenções brotam do nada como cogumelos? Fica a sugestão…
2ª – A transferência de funcionários públicos para o sector da justiça, entre outros de cozinheiros. O interessante é que estes novos funcionários vão ter apenas 3 meses de formação, sendo que os actuais que por lá pululam tiveram 3 anos. Há uma certa proporcionalidade, naturalmente vai ser um “cozinhado” interessante de observar. Será esta a solução há muito exigida para tornar a justiça mais rápida? Enfim tudo isto soa a puro surrealismo, mas talvez seja eu que esteja a ver de uma forma desfocada e não tenha observado bem o âmago da questão. Afinal e porque se trata de justiça: “in dubio pro reo”, (na dúvida favoreça-se o réu), seja…
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