Guarda,
uma cidade cosmopolita
Observam-se por estes dias variados traços
que pretendem dar uma imagem mais cosmopolita e moderna desta vetusta cidade
que chamam - Guarda. De seguida vou tentar enumerar alguns, sem querer ser de
modo algum exaustivo, refiro apenas os mais imponentes, ainda que nem sempre
sejam os mais ortodoxos.
Ora como o conhecedor leitor saberá, foi há
dias apresentada com a devida pompa e circunstância que tais ocasiões exigem,
aparte a crise que vivemos, uma nova marca que pretende ser a imagem de uma
cidade moderna e que atraia novos investimentos, como aliás convém. Esta nova
imagem que aspira ser a marca por excelência da cidade é assaz curiosa. O
designer da dita diz ter passado dois dias na cidade para se inspirar, concebeu
algo que pretende evocar um floco de neve. Longe vão os tempos em que se usavam
os verdadeiros ícones da cidade, a Sé Catedral ou o D. Sancho, isso evoca “tempos que já lá vão”, a nova estratégia passa por uma imagem «apelativa, inovadora e
dinâmica», segundo dizem. É notável, como se diz por estes dias - “Roma locuta, causa finita”! Porém na
minha modesta opinião de leigo, qualquer semelhança com o dito floco de neve é
certamente pura coincidência. Parece-me mais uma espécie de cubo mágico
multicolor. Todavia a frase que lhe serve de epígrafe, um curioso trocadilho (A
Guarda Por Si) que encerra em si mesmo um convite velado a uma visita à cidade
pelos forasteiros, aguardamos ansiosamente pela vinda dos mesmos…
Outro facto que ambiciona “pôr a Guarda no mapa” é a Feira Ibérica
de Turismo que pretende ser um evento em colaboração com os “nuestros hermanos” e que esperamos traga muita gente à nossa cidade e
movimento para que a mesma possa abandonar o marasmo que lhe é tão característico.
O
próprio Presidente da República entretanto pareceu aproveitar a “onda” e dar também o seu contributo para
“levar esta nau a bom porto”.
Anunciou que as comemorações do dia de Portugal vão ser feitas cá no burgo
egitaniense, aguardamos com expectativa se vai ser “tirada da cartola” alguma condecoração para um guardense.
O Governo
entretanto anunciou que a requalificação do troço ferroviário Guarda-Covilhã, e
a ligação da A25 à fronteira de Vilar formoso fazem parte dos 59 investimentos prioritários
a levar a cabo nos próximos anos. Ora como se pode ver por todos estes factos,
há claros motivos para acreditar que a cidade vai ganhar um novo fôlego, assim
o esperamos.
Enuncio de seguida alguns factos que me
parecem talvez menos ortodoxos, mas que podem também ser aproveitados para
levar esta metrópole um pouco mais longe.
As contínuas obras que estão a ser feitas para
requalificar a cidade, cuja conclusão não se adivinha para breve, e cujo aparente
benefício parece vedado aos olhos do comum cidadão nos quais me incluo. Talvez
seja necessário usar um telescópio ou ser um autêntico iluminado para descobrir
quais os benefícios que daí possam advir quer para tornar a urbe mais moderna,
quer para a fluência do trânsito ou quejandos. Note-se que aparentemente o que
fica de tudo isto é apenas um pavimento muito degradado, com muito buracos, e
rotundas com montes de terra, talvez ali deixados para aproveitar a chuva
abundante que tem caído, providencialmente assim cresça ali erva e se evite
gastar dinheiro, bem cada vez mais escasso nos dias que correm, no arranjo da
ditas rotundas.
Outro pormenor interessante cuja única
explicação que encontro deve ser para contribuir para tornar a Guarda um lugar de
eleição para ser visitado pelos turistas é a poda efectuada nalgumas árvores. A
forma como foi executada sugere ser um verdadeiro “case study”, que para leigos como é o caso, parece deixar muito a
desejar e até dar um ar de uma certa tristeza e algum sadismo na forma como foi
feita.
Uma nota para finalizar: agora que se
preparam as comemorações dos 40 anos da Revolução de Abril, uma das grandes
diferenças passa pelo facto de que antes de 1974 era proibido emigrar,
actualmente tornou-se um imperativo fazê-lo, enfim sinal dos tempos…
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