Muito procurados pelas empresas nacionais, estas empresas debatem-se hoje com o problema da fraca evolução do mercado interno e da redução generalizada dos preços. A opção passa, por isso, e de acordo com a Associação Portugal Outsourcing, pela internacionalização dos seus serviços. E também pela aposta na administração pública que, a confirmar-se a sua reorganização, passará a optar cada vez mais pelos serviços em ‘outsourcing'.
"Esta área de actividade já alcançou alguma maturidade em Portugal mas tem vindo a assumir, nos últimos anos, uma importância crescente como resultado do contexto sócio-económico em que vivemos", refere o presidente da associação Portugal Outsourcing, Miguel Moreira, em entrevista ao Diário Económico, que revela ainda que "devido à pressão constante ao nível dos custos da renovação das infraestruturas e sistemas de suporte, a área do ‘outsourcing' de Processos de Negócio (BPO) tem vindo a observar algum crescimento, cobrindo estes serviços um largo espectro de processos desde funções de suporte como a gestão de recursos humanos ou financeiros até a actividades mais centrais para o negócio, como o ‘business analitics',a a gestão de centros de contacto com clientes".Plataforma Portugal
A nível sectorial, é conhecida a vontade de muitas empresas e associações de ‘outsourcing' concretizarem no curto/médio prazo o objectivo de tornar Portugal num centro ‘nearshore' de serviços de ‘outsourcing'. Para isso, defende Paula Adrião, Partner da Accenture responsável pela área de Business Process Outsourcing (BPO) em Portugal, "é crucial aumentar a massa crítica, por via do crescimento de mercado interno; criar procura externa, através do apoio à internacionalização dos prestadores de serviços de ‘outsourcing' portugueses; promover a exportação de serviços, aumentando o apoio à captação de investimento em centros de serviços partilhados que aproveitem as capacidades e conhecimentos disponíveis; e promover o empreendedorismo".
As vantagens dos portugueses são as elevadas qualificações, os salários competitivos, a facilidade com que se encontram pessoas que falam bem línguas estrangeiras e ainda os custos muito competitivos. Estas e outras vantagens foram, aliás, referidas em várias apresentações sobre o tema e que a Associação Portugal Outsourcing chegou mesmo a levar a Londres e a Nova Iorque em 2010. Na altura, foram mesmo apresentados vários ‘case studies' de empresas como a Axa, a Cisco, a Fujitsu, a IBM, a Siemens, a Microsoft ou a Xerox que tinham optado por Portugal para a implementação de centros de apoio europeus e mundiais na área das TI. Todas estas empresas concordam com as vantagens apresentadas que Portugal tem a nível dos seus recursos humanos, chegando inclusive a destacar a legislação laboral da altura (há cerca de dois anos) como vantajosa para os seus negócios.
Tendo entretanto ocorrido algumas alterações a nível laboral "que jogam a nosso favor", de acordo com fonte oficial da associação Portugal Outsourcing, o sector espera algo mais que tenha em conta as especificidades das empresas, que "trabalham por porjectos" e que não podem por isso "contratar para a vida".
No que concerne aos custos da força de trabalho, e apesar deste ser um factor destacado pelas diversas empresas com centros em Portugal, um estudo recente levado a cabo pela consultora Gartner e baseada em informação da associação Portugal Outsourcing coloca Portugal no patamar dos países desenvolvidos, que "revelam-se muitas vezes pouco competitivos em termos de custos quando comparados com mercados emergentes".
No entanto, a consultora classificou Portugal como um dos onze principais países desenvolvidos escolhidos para serviços ‘offshore' de Tecnologia de Informação (TI) e Business Process Outsourcing (BPO), estando incluído nos sete países líderes da Europa, Médio Oriente e África, a seguir a uma lista de treze mercados emergentes dessas regiões.
Prós e contras
5 Prós
• Permite a libertação de recursos para as actividades críticas da empresa.
• Acesso a tecnologias e a especialistas não existentes dentro da organização.
• Pode permitir o acesso às melhores práticas da indústria e tornar-se um importante observatório de benchmarking.
• Permite a transformação de custos fixos em custos variáveis.
• Permite a diminuição das necessidades de investimento e sua melhor afectação.
5 Contras
• Perda de controlo da execução das actividades e de confidencialidade.
• Possibilidade de conflitos de interesse.
• Menor envolvimento e dedicação por parte do subcontratado.
• Incorrência em custos mais elevados do que se as actividades tivessem sido executadas com os meios internos.
• Desmotivação do pessoal gerada pelas instabilidades associadas ao processo.
Fontes: Santos, António; Outsourcing e Flexibilidade; 1998; Texto Editora
Johnson, Mike; Outsourcing In Brief; 1997; Butterworth - Heinemann
Irina Marcelino in Diário Económico
24/06/12