Negócios fez as contas e apurou: afinal os trabalhadores vão enfrentar um corte
no salário que levam para casa que pode chegar aos 14%, ou seja, o equivalente
em termos líquidos ao subsídio de férias e de Natal. Os funcionários públicos
ainda ficam pior, podem perder até três. Efeitos que o primeiro-ministro omitiu
na sua intervenção. Veja as simulações.
A chave é o aumento da contribuição incidir sobre o salário bruto e ser retirado
ao líquido.
O aumento da taxa social única é de 7 pontos percentuais,
passando de 11 para 18%. Mas a perda no rendimento que se leva para casa (o
salário líquido), será superior a 7% logo a partir de salários brutos da ordem
dos mil euros.
Todos, funcionários públicos e trabalhadores no sector
privado, vão ter uma redução no seu rendimento em 2013 que será superior ao
corte de um dos subsídios e, nalguns casos, será de dois subsídios. Mais,
portanto, do que foi desde ontem noticiado.
Os funcionários públicos,
como sofrem ainda o efeito da mudança de escalão de IRS por diluição de um dos
subsídios, vão perder mais do que o equivalente a dois subsídios.
Em
causa está uma conta: o aumento dos sete pontos percentuais incide sobre o
salário bruto, sendo descontado na totalidade ao salário líquido. Quanto mais
alto é o salário, maior é percentualmente o desconto face ao salário líquido.
Assim será a não ser que a proposta apresentada pelo primeiro-ministro seja
alterada. Tal como está, ela ainda pior do que parece para os trabalhadores
portugueses.
Faça você mesmo
O primeiro-ministro
Pedro Passos
Coelho anunciou na sexta-feira, dia 6 de Setembro, que “o Governo decidiu
aumentar a contribuição para a
Segurança Social
exigida aos trabalhadores do sector privado para 18%”. A actual taxa é de 11%.
Em contrapartida, anunciou o primeiro-ministro, isso permitirá “descer a
contribuição exigida às empresas também para 18%”.
(...)
A Rádio Renascença elaborou também um simulador, onde se pode retirar as mesmas
conclusões.
Consulte aqui o simulador da Rádio
Renascença.
Salário mensal de 1000 euros brutos
A perda de rendimento líquido ultrapassa o equivalente a um salário líquido
logo a partir dos mil euros de salário bruto, o que atinge pessoas que levam
para casa, neste momento, cerca de 800 euros. Neste caso passa a receber 730
euros, mantendo-se as actuais taxas de IRS, o que corresponde a um corte de
8,8%.
Salário mensal de 2000 euros brutos já perde mais de um
salário e meio
Com este salário já se perde mais do que um subsídio
e meio, em termos líquidos. Quem está a receber cerca de 1400 euros (ou seja,
ganha cerca de dois mil euros brutos), vai deixar de receber 10% do seu
rendimento mensal o que corresponde a perder mais de um salário e meio em termos
anuais.
Salário mensal de 3000 euros brutos perde 10,9%
Um salário bruto de três mil euros para um casal com dois titulares e dois
dependentes verá o seu rendimento líquido mensal cortado em 10,9% - perda mensal
de 210 euros por aumento da taxa social única -, o que corresponde, em termos
anuais, a cortar 1,7 subsídios. A perda anual é de 2.940 euros.
A
partir dos 7 mil euros brutos, desaparecem dois salários
A redução
no rendimento que se leva para casa atinge os 14%, ou seja, o equivalente aos
dois subsídios, de férias e de Natal, a partir de salários brutos de sete mil
euros ou líquidos da ordem dos 3.900 euros.
A promoção do emprego é o
objectivo que o Governo pretende atingir com esta medida, por via da redução dos
custos salariais. Além disso, esta medida tem como objectivo respeitar o quadro
constitucional, na sequência da decisão do Tribunal. “O que propomos é um
contributo equitativo, um esforço de todos por um objectivo comum, como exige o
Tribunal
Constitucional. Mas um contributo equitativo e um esforço comum que nos
levem em conjunto para cima, e não uma falsa e cega igualdade que nos arraste a
todos para baixo”.
Na simulação efectuada para um titular não casado e
sem dependentes, os resultados são semelhantes (ver segunda tabela em
baixo).
(...)
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