sábado, 13 de abril de 2013

"O Regresso do Filho Pródigo"


O Regresso do Filho Pródigo
Deu-se há dias o regresso do filho pródigo à pátria amada, qual fénix renascida das cinzas, provando o que muitos dizem: “que politicamente ninguém está morto”, ainda que insistentemente lhe queiram fazer o enterro. Após um longo período de "hibernação", sua excelência o sr. José Sócrates, de seu nome, regressou ao burgo luso. Vem agora investido de uma renovada sabedoria, uma vez que aproveitou esta ausência para estudar Filosofia na vetusta Universidade da Sorbonne, em Paris, França, como mandam as leis tácitas que governam estes ditames. Aplica-se-lhe na perfeição a conhecida música: “Voltei, voltei, voltei de lá, ainda ontem estava em França e agora já estou cá”. Apresenta-se agora como comentador político, depois de uma entrevista, onde pôde repor a “sua” verdade dos factos e demonstrar como foi enviado às feras por sua excelência o Presidente da nossa senil República, ela que entretanto por via disso perdeu até o feriado que lhe assistia. Ora José Sócrates tem agora o seu espaço de comentário na RTP, essa mesmo que se auto-intitula de serviço dito público, pago a peso de ouro pelos contribuintes. Ficamos com certeza todos mais satisfeitos ao saber que os dinheiros públicos são afinal tão bem empregues a sustentar programas de grande interesse e, quiçá, audiência para o cidadão comum. Programas onde se pode observar o direito ao contraditório como manda a Democracia que, dizem por cá existe, por outro lado podemos assim ver que os tempos que o agora filósofo Sócrates passou em França serviram para alguma coisa. Pôde aprofundar os seus já proeminentes conhecimentos de retórica e “vender assim o peixe” de uma forma mais enérgica, ao mesmo tempo que tenta mostrar que foi uma vítima do “sistema”, essa criatura informe e omnipresente por aí. Relembro que não pretendo aqui encontrar bodes expiatórios para a crise que o país atravessa, todavia a minha quota de culpa da presente situação em que o mesmo se encontra, acredito sinceramente que é bem menor do que muitos que se pavoneiam por aí como se nada fosse.
Quer se trate de um ajuste de contas com o passado ou uma mera  demonstração da falta de eficácia da actual liderança do PS, este regresso de Sócrates soa a extemporâneo. O facto curioso é que este retorno significou, à semelhança da parábola bíblica, um gesto digno de comemorações, uma espécie de regresso de D. Sebastião que vinha pôr o país na ordem, justificando mesmo a “matança do vitelo gordo”, e uma grande festarola daquelas que urge fazer para comprovar à Troika a sua pujança!
 Duas notas para finalizar, que me parecem importantes para provar uma vez mais a singularidade da nação em que vivemos:
1º- Uma “cena” que há dias vi, que aos olhos dos mais descrentes pode soar a surrealismo mas que era real, relembrando que a realidade ultrapassa muitas vezes a ficção. Um cão que tem junto da sua casota um sofá, que pode usar para descansar, uma espécie de trono ou onde poderá seguramente dedicar-se a uma aturada reflexão sobre a Vida e as suas múltiplas e mui díspares questões. É notável!
 2º- A recente alteração ao Código da Estrada que vai implicar que nalgumas localidades seja proibido ultrapassar a velocidade ultra-sónica de 20km/h. Uma forma certamente muito subtil de fazer fluir o trânsito, de certeza que há caracóis que se vão sentir muito stressados a andar a esta velocidade! Por outro lado para outros tantos pode ser uma “espécie de caça à multa”, ainda que encapotada, uma vez que não é muito difícil superar esta autêntica velocidade de cruzeiro. Tenho para mim que os doutos iluminados que tiveram tão lúcida ideia, decerto surgida após um demorado estudo, como aliás convém e, é da praxe nestes casos, não vão ser afectados por esta nova regra, já que sendo necessário, vão com certeza exceder esta velocidade sem quaisquer sanções…
 É por estas e por outras que o país com todas as adversidades que ao longo dos tempos tem vindo a enfrentar ainda se mantém “no activo”…



1 comentário:

  1. Gosto sempre de ler os teus artigos! Irónicos, mordazes, mas bonacheirão como o seu autor. parabéns. Mais um artigo lúcido...
    "ridendo castigat mores!"

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