O
Regresso do Filho Pródigo
Deu-se há dias o regresso do filho pródigo à
pátria amada, qual fénix renascida das cinzas, provando o que muitos dizem: “que politicamente ninguém está morto”, ainda que insistentemente lhe queiram fazer o
enterro. Após um longo período de "hibernação", sua excelência o sr. José
Sócrates, de seu nome, regressou ao burgo luso. Vem agora investido de uma
renovada sabedoria, uma vez que aproveitou esta ausência para estudar Filosofia
na vetusta Universidade da Sorbonne, em Paris, França, como mandam as leis
tácitas que governam estes ditames. Aplica-se-lhe na perfeição a conhecida
música: “Voltei, voltei, voltei de lá,
ainda ontem estava em França e agora já estou cá”. Apresenta-se agora como
comentador político, depois de uma entrevista, onde pôde repor a “sua” verdade dos factos e demonstrar
como foi enviado às feras por sua excelência o Presidente da nossa senil República,
ela que entretanto por via disso perdeu até o feriado que lhe assistia. Ora José
Sócrates tem agora o seu espaço de comentário na RTP, essa mesmo que se auto-intitula
de serviço dito público, pago a peso de ouro pelos contribuintes. Ficamos com
certeza todos mais satisfeitos ao saber que os dinheiros públicos são afinal
tão bem empregues a sustentar programas de grande interesse e, quiçá, audiência
para o cidadão comum. Programas onde se pode observar o direito ao contraditório
como manda a Democracia que, dizem por cá existe, por outro lado podemos assim
ver que os tempos que o agora filósofo Sócrates passou em França serviram para
alguma coisa. Pôde aprofundar os seus já proeminentes conhecimentos de retórica
e “vender assim o peixe” de uma forma
mais enérgica, ao mesmo tempo que tenta mostrar que foi uma vítima do “sistema”, essa criatura informe e
omnipresente por aí. Relembro que não pretendo aqui encontrar bodes expiatórios
para a crise que o país atravessa, todavia a minha quota de culpa da presente
situação em que o mesmo se encontra, acredito sinceramente que é bem menor do
que muitos que se pavoneiam por aí como se nada fosse.
Quer se trate de um ajuste de contas com o
passado ou uma mera demonstração da
falta de eficácia da actual liderança do PS, este regresso de Sócrates soa a
extemporâneo. O facto curioso é que este retorno significou, à semelhança da
parábola bíblica, um gesto digno de comemorações, uma espécie de regresso de D.
Sebastião que vinha pôr o país na ordem, justificando mesmo a “matança do vitelo gordo”, e uma grande
festarola daquelas que urge fazer para comprovar à Troika a sua pujança!
Duas
notas para finalizar, que me parecem importantes para provar uma vez mais a
singularidade da nação em que vivemos:
1º- Uma “cena”
que há dias vi, que aos olhos dos mais descrentes pode soar a surrealismo mas
que era real, relembrando que a realidade ultrapassa muitas vezes a ficção. Um
cão que tem junto da sua casota um sofá, que pode usar para descansar, uma espécie
de trono ou onde poderá seguramente dedicar-se a uma aturada reflexão sobre a Vida
e as suas múltiplas e mui díspares questões. É notável!
2º- A
recente alteração ao Código da Estrada que vai implicar que nalgumas
localidades seja proibido ultrapassar a velocidade ultra-sónica de 20km/h. Uma forma certamente muito subtil de fazer
fluir o trânsito, de certeza que há caracóis que se vão sentir muito stressados
a andar a esta velocidade! Por outro lado para outros tantos pode ser uma “espécie de caça à multa”, ainda que
encapotada, uma vez que não é muito difícil superar esta autêntica velocidade
de cruzeiro. Tenho para mim que os doutos iluminados que tiveram tão lúcida
ideia, decerto surgida após um demorado estudo, como aliás convém e, é da praxe
nestes casos, não vão ser afectados por esta nova regra, já que sendo necessário,
vão com certeza exceder esta velocidade sem quaisquer sanções…
É por
estas e por outras que o país com todas as adversidades que ao longo dos tempos
tem vindo a enfrentar ainda se mantém “no
activo”…
Gosto sempre de ler os teus artigos! Irónicos, mordazes, mas bonacheirão como o seu autor. parabéns. Mais um artigo lúcido...
ResponderEliminar"ridendo castigat mores!"