terça-feira, 17 de julho de 2012

Taberna inserida nas Portas da Torre dos Ferreiros


As origens da cidade da Guarda perdem-se no tempo. No entanto todos os povoados que aqui se edificaram tinham o mesmo objetivo: a defesa e vigilância.

Nos primeiros séculos da romanização da Península Ibérica habitavam a região da Guarda povos lusitanos. Entre os quais os Igaeditani, os Lancienses Oppidani e os Transcudani. Estes povos unidos sob uma autêntica federação viriam a resistir à romanização durante dois séculos. Ao contrário dos latinizados estes povos não consumiam vinho, mas antes cerveja de bolota. A sua arma de eleição era a falcata - uma espada curva - que facilmente quebrava os gládios romanos devido à sua superioridade metalúrgica. Os seus deuses pagãos diferiam também dos romanos, podem ainda hoje encontrar-se algumas inscrições religiosas lusitanas em santuários como o Cabeço das Fráguas.

Já o nome de Guarda terá sido uma derivação de um castro sobranceiro ao Rio Mondego, o Castro de Tintinolho, identificada como a Ward visigótica.

Após o período romano seguiram-se períodos de ocupação por parte dos visigodos, mais tarde pelo reino das Astúrias e também pela civilização islâmica. Só após o processo da reconquista é atribuído o foral, reconfirmando definitivamente a importância da cidade e da região.
Para defesa existem quatro portas na cidade: a Torre dos Ferreiros; a Porta D' El-Rei; A Porta da Estrela ou da Erva; e a Porta Falsa. A Porta dos Ferreiros, franqueando o acesso a arrabaldes localizados a Leste era defendida por uma altíssima torre de vigia, de planta quadrangular adossada ao exterior de muralha.
A Torre dos Ferreiros é do séc. XIII, deve ser pouco anterior ao reinado de D. Dinis, senão coeva. Devendo a designação de Torre de Ferreiros provir da atual rua da Torre ter sido a rua dos Ferreiros. Uma das caraterísticas da fortaleza da Guarda, que delimitava o burgo medieval, é a falta de ameias a coroar o muro, sendo no entanto a Torre dos Ferreiros parcelarmente ameiada. 
A Torre dos Ferreiros é uma Torre alta em pedra com uma entrada em cotovelo com guilhotina e era um dos baluartes mais importantes da cidade.
Dentro da Torre há três portas, que, quando fechadas, a tornavam inexpugnável. Em frente do nicho do Senhor dos Aflitos existe a porta do meio, que é das únicas que fechavam por guilhotina em Portugal. Está bem visível o vão por onde descia a porta, que devia ser de ferro. Quase todas as cantarias desta torre são sigladas.Existe um certo encanto medieval pelas velhas ruas e muralhas que resistiram no centro histórico e guardam memórias de batalhas vividas, de outras gentes e outros tempos. A Torre dos Ferreiros, à qual ainda é possível subir, mostra uma panorâmica única da cidade e é um excelente exemplo do passado bélico da urbe.
A taberna inserida nas Portas da Torre dos Ferreiros foi celebrizada na obra de Tomás Ribeiro, como a Taberna de D. Jaime, “bar medieval” que atualmente com a designação “torre6m” espera a sua visita.


1 comentário:

  1. Bom artigo. Algumas imprecisões históricas (sobre a alegada superioridade da metalurgia dos lusitanos...que não existia...e da resistência durante dois séculos aos avanços romanos, o que também não se verificou...).

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