Na internet, há manuais escolares em segunda mão à venda por 99 cêntimos, uma alternativa de poupança para as famílias que chegam a gastar 400 euros com o início das aulas.
Hipermercados, cadeias livreiras e até papelarias de bairro já começaram as campanhas promocionais de livros e material escolar. Mas, para muitas pessoas, a poupança faz-se sem sair de casa.
No site ‘leilões.net’ há milhares de livros usados à venda. No total são quase 200 anúncios e alguns oferecem manuais a 99 cêntimos.
O ‘venderlivros’ tem mais de 200 ofertas e no site ‘OLX’ estão quase mil anúncios. Nos últimos dias, as propostas on-line dispararam: na quinta-feira, por exemplo, foram colocados mais de 60 novos anúncios no OLX.
No início da semana, Maria Cristina Carvalho, de Vila Franca de Xira, foi uma das utilizadoras que pôs um anúncio no OXL: vende 52 manuais do 1º ao 8º ano. Maria tem esperança no negócio, apesar de reconhecer que a sua oferta é «apenas uma entre milhares».
Caso tenha sucesso, o dinheiro será usado para comprar livros dos dois filhos: «Um vai para o 7º e outro para o 9º. São cerca de 400 euros, só em livros», contou à Lusa.
Na internet há milhares de livros a preços de saldo e há quem consiga poupar mais de 100 euros.
Carla Rocha, de Setúbal, usa este sistema desde que o filho entrou para o 6º ano.
«Nos dois primeiros anos poupei dois terços do valor que teria de gastar se comprasse novos», conta à Lusa. Em 2011, «ano mais fraco do negócio», economizou 80 euros e os manuais estavam todos em «bom estado».
No entanto, ainda são poucos os que recorrem a esta opção e não é nas mochilas das crianças mais carenciadas que andam os materiais em segunda mão.
«Os alunos do escalão A recebem os livros gratuitamente e os do escalão B têm de apresentar as facturas para receberem apoio escolar social. Os outros alunos é que usam livros usados, mas não são muitos», garante a professora da escola primária da Trafaria, Carla Gonçalves.
Maria Carvalho ficou desempregada e este ano tem direito a apoio escolar, por isso não deverá comprar livros usados: «É preciso entregar factura para receber o apoio e na net ninguém a passa», desabafa. No entanto, «se encontrar os livros todos por 150 euros nem penso duas vezes».
É que quem recebe apoio social tem de avançar primeiro com o dinheiro e só depois é ressarcido. Só os mais carenciados recebem os livros gratuitamente.
É o caso da neta de João D. (nome fictício). A menina, de oito anos, beneficia desde o 1º ano do apoio social escolar, mas muitas vezes começa as aulas sem ter todo o material.
«Os livros vão chegando a conta-gotas», lamenta o avó, explicando que a neta «já está habituada a esta situação, que ultrapassa muitas vezes com recurso a fichas e aos livros do colega do lado».
Entretanto, no ano passado surgiu um novo movimento de troca de livros: o «Banco do Livro Escolar – Troca Gratuita de Livros Escolares». Tem uma página no Facebook com 10 mil amigos e 60 bancos de recolha e troca gratuita de manuais espalhados pelo país.
De acordo com um levantamento feito pela Lusa, em média, uma família com uma criança no ensino básico gasta cerca de 50 euros. Já no 2º ciclo, o valor sobe para 100 e no 3º ciclo a factura dos manuais escolares pode chegar aos 300 euros.
A venda e compra de livros usados online também acontece no ensino superior. Na net há quem venda «todos os livros do curso de Direito» a metade do preço e garanta que estão «como novos».
Lusa/SOL
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