Nesta altura, as videiras já estão com os cachos formados, o que terá contribuído para aumentar os estragos
A queda de granizo e o vento forte provocaram ontem à tarde prejuízos “avultados” em vinhas e pomares de três freguesias do concelho de Sabrosa, distrito de Vila Real, e no concelho de São João da Pesqueira, distrito de Viseu, ambos inseridos na Região Demarcada do Douro.Segundo o presidente da Câmara de Sabrosa, José Marques, cerca das 17h começou uma forte trovoada, acompanhada de granizo e vento forte, que atingiu as freguesias de Vilarinho de São Romão, Celeirós e Provesende. “Foi tanto o gelo que horas depois ainda se via na berma da estrada e alguns automobilistas queixaram-se também de terem ficado com os carros amolgados”, disse à Lusa.
Durante a manhã desta quinta-feira, técnicos da Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Norte vão deslocar-se às áreas afectadas para fazerem uma avaliação dos estragos. Em declarações à rádio TSF, José Marques diz que a câmara está "disponível para colaborar" com o apoio necessário, uma vez que "muitas famílias afectadas dependem da agricultura, nomeadamente da vinha".
"As vindimas estão a um mês e pouco de distância, os tratamentos que a vinha tinha de levar já estavam feitos. A mais-valia que se podia tirar da vinha está completamente comprometida, a vindima está feita", acrescentou.
O presidente da Casa do Douro, Manuel António Santos, também descreve um cenário de destruição. "Caíram pedras de grande volume que partiram vidros de automóveis e casas e que destruíram muitas vinhas, em percentagens superiores a 50%", disse o responsável à TSF.
Segundo Manuel António Santos, há também "prejuízos evidentes" no concelho de São João da Pesqueira, distrito de Viseu. "Destruíram-se as colheitas deste ano e ficaram mazelas para os anos posteriores", garantiu. A freguesia de Ervedosa do Douro, que fica no "coração" da Região Demarcada do Douro, foi a mais afectada. O presidente da junta de freguesia, Joaquim Monteiro, disse ao PÚBLICO que praticamente todos os cerca de 30 pequenos e médios proprietários têm prejuízos nas vinhas, das quais dependem para sobreviver. "A maioria não tem seguro, estão desgraçados", lamentou o autarca.
Joaquim Monteiro é, também ele, dono de uma vinha na propriedade da Portelinha, que ficou "practicamente destruída", garante, acrescentando que não tem seguro. A propriedade produz cerca de 25 pipas em cada colheita. "Fiquei com umas quatro ou cinco. A 800 ou 900 euros por pipa, é só fazer as contas", lamenta.
A trovoada, a chuva e o vento forte, acompanhados do granizo que caiu durante a tarde e novamente de madrugada, agravaram os estragos que já tinham sido provocados pelo excesso de calor. "Já tínhamos muitas vinhas queimadas e videiras a secar, agora isto veio acabar com o resto", afirma Joaquim Monteiro.
26.07.2012 Ler mais em: http://m.publico.pt/Detail/1556398
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