quarta-feira, 20 de junho de 2012

Agricultura: portugueses testam plástico biodegradável


Projecto Agrobiofilm custa 1,5 milhões de euros e vai substituir o filme de polietileno em várias
 
culturas, com poupança de custos e do ambiente.

Morango, pimento, melão e vinha. É nestas culturas que o consórcio liderado pela empresa portuguesa Silvex vai testar um novo tipo de plástico biodegradável, denominado Agrobiofilm. O objectivo é substituir o filme de polietileno utilizado para cobrir as culturas, que tem várias desvantagens a nível ambiental. Se tudo correr como previsto, este plástico biodegradável poderá começar a ser comercializado já em 2011, embora a fase de testes só termine dentro de dois anos.
Segundo explica ao i Paulo Azevedo, director-geral da Silvex, o projecto compreende mais duas PME europeias, a norueguesa BioBag e a francesa ICSE. A Silvex irá produzir para o mercado global e terá o exclusivo da comercialização do plástico em Portugal e Espanha, mas o produto também será vendido noutros mercados - até porque na fase de investigação estiveram envolvidas várias universidades e centros de pesquisa de França, Espanha e Dinamarca. Em Portugal, a parceria coube ao Instituto Superior de Agronomia, da Universidade Técnica de Lisboa.
«O projecto tem um custo total previsto de um milhão e meio de euros», revela Paulo Azevedo, sendo que dois terços serão financiados através do sétimo programa-quadro da União Europeia. Neste momento, já há testes a decorrer em Portugal (melão e pimento) e em França (vinha). Os ensaios com morango iniciam-se em Setembro.

Para que serve
Os agricultores usam filmes para cobrir as culturas porque isto permite-lhes aumentar o seu rendimento, poupar água de rega, conservar melhor os nutrientes, proteger contra infestações sem recurso a herbicidas, evitar o apodrecimento dos frutos, diminuir a amplitude térmica... as vantagens são muitas, mas as desvantagens também.
O filme de polietileno usado actualmente - só em Portugal e Espanha são 90 mil toneladas por ano - coloca vários problemas no final de cada ciclo da cultura (número de dias desde a plantação à colheita). Primeiro, o filme parte-se em mil pedaços à medida que o tempo avança, o que torna «virtualmente impossível a sua completa remoção dos campos», como indica Paulo Azevedo, e é uma tarefa dispendiosa, porque realizada manualmente. Também pode provocar a perda de subsídios por parte dos agricultores, se os inspectores do Ministério da Agricultura encontrarem restos de plástico no solo.
Depois, para reciclar o polietileno é preciso tratá-lo. Uma tarefa complicada, visto que no final se encontra cheio de humidade, restos de plantas, sujo de terra e contaminado com resíduos de pesticidas. O tratamento é tão moroso que «ainda persistem práticas perigosas para o ambiente e saúde dos consumidores, como sejam o enterramento no solo e queima a céu aberto no campo», alerta Paulo Azevedo.
São estes os problemas que o Agrobiofilm resolve integralmente. O produto é obtido a partir da matéria-prima MaterBi, feito pela empresa italiana Novamont. No final de cada ciclo, este plástico é enterrado e decompõe-se, sendo inofensivo para o ambiente. Além disso, consegue adaptar-se conforme se trate de morangos ou pimentos. Como? «O filme será desenhado para cada cultura», indica Paulo Azevedo, tendo em conta o seu ciclo e porte, o tipo de solo e as condições meteorológicas. Por fim, será uma boa alternativa na agricultura biológica, em que a proibição do uso de herbicidas obriga a uma dispendiosa monda manual das infestações.
 
in Guarda.pt

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