domingo, 17 de junho de 2012

Portugueses estão entre os que mais pagam pelo ensino superior

Madalena Queirós  
17/06/12
Um estudo coordenado por Luísa Cerdeira revela que as famílias portuguesas são das que mais pagam para ter um filho no ensino superior.
As famílias portuguesas estão entre as que mais pagam para ter um filho a estudar no ensino superior. Luísa Cerdeira, coordenadora do estudo "O Custo dos Estudantes do Ensino Superior" revela em entrevista ao Capital Humano do ETV que as famílias gastam 63% do seu rendimento para ter um filho no ensino superior.
Como é que chegaram à conclusão que as famílias portuguesas são as que mais pagam para ter um filho no ensino superior?
O estudo "O Custo dos Estudantes do Ensino Superior" questionou uma amostra de alunos, que representa todo o ensino superior, em 2010/11, quanto pagavam para estar no ensino superior, o que inclui propinas, taxas, matrículas, livros, mas também os custos de vida, que inclui as despesas de alimentação, alojamento, transportes, comunicações e saúde. Feitas as contas, o valor médio do custo é de 6600 euros por ano. Depois comparámos estes resultados com um estudo de um dos maiores especialista internacionais que comparou os custos de estudantes com a mediana do rendimento das famílias, para cada país. Para além disso, é preciso ver em cada país os apoios que o Estados dão: através bolsas de estudo e deduções, em sede de IRS.
Portugal é o país em que a factura é maior?
Portugal tem da facturas mais pesadas. A família típica portuguesa tem de por de parte cerca de 63% do que é a mediana do seu rendimento, por ano, para colocar um filho a estudar no ensino superior.
Somos o 5º país que mais paga numa lista de 16 países...
Estamos mais próximos de países onde é muito custosos estudar como os EUA Japão e o México.
Para agravar a situação, a factura das famílias está a aumentar e o investimento público no superior está a cair a pique...
Se somarmos o que o Estado coloca à disposição do ensino superior, para as instituições e para acção social e o dividirmos pelo número de alunos, encontramos o valor do orçamento por aluno. Em 2005/06, o orçamento por aluno era de 4151 euros. Mas em 2010/11 o valor desceu para 3601 euros, por aluno, o que significa uma quebra de 13%. Quanto ao custo das famílias há uma subida. Em 2005 era de 5310 euros e em 2011 subiu para 5841, o que significa um crescimento nominal de 10%. Mas o que verificamos é que, em 2005, o Estado assegurava 44% do custo global e as famílias cerca de 56%. Mas em 2011, o Estado assegura apenas 38% e cerca de 62% provêm das famílias.

O que é mais grave num país que tem ainda muita gente para qualificar. E em que a maioria dos estudantes do ensino superior provêm de famílias com elevados rendimentos...
O principal défice que Portugal tem é de qualificações. O que é bom lembrar numa altura em que se vive numa obsessão com o défice orçamental. Se olharmos para a média europeia, 70% da população tem o 12º ano, em Portugal estamos agora a chegar aos 30%. No ensino superior a diferença é menos notória: a média é de 30% da OCDE e nós estamos nos 16%. Obviamente que houve uma expansão massiva da frequência do ensino superior, mas é preciso ter em conta que quando nos perguntarmos aos alunos as habilitações dos pais e o nível do rendimento verificamos que uma proporção muito acentuado provêm de estratos favorecidos.

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